domingo, 5 de abril de 2009

«Palácio de Apriés»: nova temporada de escavações arqueológicas e tratamento de materiais no sítio de Mênfis Kôm Tumân

O sítio arqueológico de Kôm Tuman (Mênfis/ Egipto) será alvo de nova campanha de trabalhos arqueológicos entre 7 de Abril e 7 de Maio de 2009. A concessão arqueológica atribuída à equipa portuguesa, dirigida pela Prof.ª Dr.ª Maria Helena Trindade Lopes (FCSH-UNL), engloba entre outras estruturas: o «Palácio de Apriés (Haa-ib-Ra)», faraó da XXVI Dinastia (589-570 a.C.) e o respectivo "campo de mercenários". Não obstante, as anteriores temporadas já permitiram aferir a existência de materiais que apresentam uma larga diacronia temporal: entre o Império Antigo e a Época Baixa. A Universidade Nova de Lisboa dirige desde 2000, o Projecto Mênfis-Kôm Tumân. A área de concessão deste projecto abrange o “Palácio de Apriés e o seu campo de mercenários”, que após as escavações de Pacha (1901-1902) e Petrie (1909-1913), e das sondagens de Kemp (1978) e da EES (1989), conhece agora novas acções de salvaguarda e investigação.



Kôm Tumân situa-se a norte de Mit Rahîna e a sul do moderno cemitério de Sheikh Said em Kôm Aziz. O sítio abrange uma área de aproximadamente 220 000 m2 e encontra-se hoje rodeado a sudoeste pela aldeia de Ezbet Gabry. O Palácio ergue-se no canto Noroeste da vasta planície, construído sobre uma plataforma artificial de cerca de 13,66 metros de altura. De acordo com Petrie, o Palácio de Apriés foi construído sobre estruturas muito mais antigas (Petrie, 1909: 1; Petrie, 1910: 40-41). Esta teoria encontrou eco em autores mais tardios (Dimick, 1956: 21; Kees, 1977: 148) e, apesar de Petrie não ter confirmado a sua intuição, os objectos e a cerâmica pintada do Império Novo (XVIII Dinastia) que foi encontrada e referida tanto por Petrie como por Kemp leva-nos à possibilidade de as instalações do Império Novo terem servido como base para este Palácio, especialmente se as fundações tivessem sido feitas com recurso a trincheiras (Jeffreys, 1985: 43).



Na temporada de Abril de 2008, a intervenção realizada no limite Este do "campo de mercenários" permitiu a definição de espaços habitacionais em adobe, maioritariamente de orientação N-S. Numa área de páteo foram definidos, um piso de paralelipípedos de calcário e um possível poço. O estudo prévio dos materiais provenientes desta área aponta para uma cronologia do século V-IV a.C.

Ao longo desta nova campanha de Abril de 2009, pretende-se abrir uma nova área de escavação, situada entre a plataforma do Palácio e as rampas de acesso ao mesmo. A equipa será dirigida pela Prof.ª Dr.ª Maria Helena Trindade Lopes, e co-dirigida pela Dr.ª Sofia Braga Fonseca. O resto da equipa irá realizar trabalhos de tratamento de materiais, fotografia de campo e topografia: Susana Bailarim, Teresa Rita Pereira, João Almeida e Patrícia Bargão. Com este blog pretendemos efectuar um "diário de escavação" actualizado e pormenorizado.

Até breve... em Mit-Rahîna.

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